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A Festa Nacional da Música

Atualizado: 3 de jul.

Há momentos em que uma cidade se conecta tão profundamente com um evento que os dois se tornam inseparáveis na memória de quem viveu aquilo. Canela e a música brasileira protagonizaram juntos um desses encontros. Durante anos, a cidade foi palco da Festa Nacional da Música, uma celebração que reuniu artistas, jornalistas, produtores e apaixonados por música em torno de homenagens, conversas, apresentações e encontros que ainda hoje permanecem na lembrança.


A Festa Nacional do Disco

Entrega do Trófeu Portovisão, na Sogipa, em Porto Alegre
Entrega do Trófeu Portovisão, na Sogipa, em Porto Alegre

A origem do evento remonta à década de 1970, em Porto Alegre, quando o jornalista e apresentador Fernando Vieira organizava uma elegante festa de gala no clube Sogipa, onde era entregue o Troféu Portovisão. A premiação homenageava personalidades de diversas áreas, entre elas, grandes nomes da música brasileira, reunindo artistas, imprensa e convidados em uma celebração que rapidamente ganhou prestígio.


Com a inauguração do Hotel Laje de Pedra, no final daquela década, Canela passou a contar com uma estrutura hoteleira de alto padrão, o que atraiu novos olhares para a cidade e reposicionou seu papel no turismo do Rio Grande do Sul. Ao perceber o potencial do novo espaço, Fernando viu ali a chance de transformar seu evento em algo mais ambicioso, que pudesse reunir toda a cadeia musical em torno de um encontro dedicado exclusivamente à música nacional.


Foi nesse novo contexto que nasceu, em 1981, a Festa Nacional do Disco, cuja primeira edição foi realizada de 22 a 25 de junho no recém-inaugurado empreendimento. O encontro reuniu um público expressivo e uma seleção marcante de artistas, inaugurando uma nova fase para Canela e para a própria história da música brasileira.


Fernando Vieira, o idealizador da Festa Nacional da Música
Fernando Vieira, o idealizador da Festa Nacional da Música

Estiveram presentes nomes de destaque da música brasileira, como Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Wanderléa, Chico Buarque, Vanusa, Nara Leão, Wanderley Cardoso, Lulu Santos, Zé Ramalho, Jorge Ben Jor, entre outros. A logística do evento também impressionava: a companhia aérea VASP, uma das patrocinadoras da festa, disponibilizou dois aviões Boeing 737 exclusivamente para o transporte dos artistas até o aeroporto de Porto Alegre. De lá, uma frota de ônibus fretados os levava até Canela.


Ao todo, foram realizadas quatro edições na década de 1980, sempre com foco na valorização da música brasileira e no fortalecimento dos laços entre os profissionais do setor. Segundo Manoela Vieira, filha de Fernando, em entrevista ao portal Backstage, o evento serviu como plataforma de lançamento para diversos artistas que viriam a se tornar ícones da música nacional. Bandas como 14 Bis, Barão Vermelho e Kid Abelha deram seus primeiros passos de projeção nacional durante a festa, que se firmou como um espaço de revelação e renovação musical naquele período.


A Festa Nacional da Música

Após um longo intervalo, o evento foi retomado em 2005, agora com um novo nome: Festa Nacional da Música. O Hotel Laje de Pedra voltou a ser o cenário escolhido, marcando o início de uma nova etapa da celebração. Com estrutura ampliada, maior visibilidade e uma programação ainda mais diversificada, a festa consolidou-se como um dos principais encontros da música brasileira, reunindo artistas, profissionais do setor e o público em torno de shows, homenagens e debates.


A programação da Festa passou a reunir artistas de todos os estilos e gerações, com apresentações, rodas de conversa, homenagens, oficinas e encontros profissionais. Além do aspecto festivo, havia também um espaço voltado a discussões importantes sobre os rumos do setor, com debates sobre direitos autorais, políticas culturais e temas como a PEC da Música.


Anitta e Lucas Silveira, da Fresno
Anitta e Lucas Silveira, da Fresno

Outro diferencial dessa nova fase era o clima de integração e espontaneidade entre os artistas. Em muitos momentos, as apresentações ultrapassavam os roteiros formais e davam lugar a colaborações inesperadas: músicos de gêneros distintos dividindo palcos, improvisos entre veteranos e novos talentos, e encontros únicos que só aconteciam ali, no ambiente informal e criativo proporcionado pelo evento.


Entre as atrações paralelas, um dos momentos mais simbólicos era o tradicional Grenal dos Artistas, uma partida de futebol amistosa realizada no campo do Esporte Clube Serrano. Os músicos usavam os uniformes do Grêmio e do Internacional, numa brincadeira que reforçava o clima descontraído do evento. A entrada para o jogo era solidária, com arrecadação de alimentos para doação.


Durante mais de uma década, a festa atraiu centenas de nomes da música brasileira a Canela, movimentando não só os palcos, mas também escolas, espaços públicos e a comunidade local. Foram anos marcantes, que ajudaram a construir uma conexão especial entre a cidade e a música nacional. Uma história que permanece viva na memória de quem fez parte daquele momento.


Entre as fontes utilizadas para este conteúdo, destaca-se o livro Do Campestre à Cidade das Hortênsias, de Pedro Oliveira, além de outras referências consultadas em pesquisas históricas e registros de imprensa.

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