A Família Gürsching

Em 1914 Henrique (Heinrich) e Emmy (Emilie) Gürsching, junto com o caçula Walter foram se estabelecer no Caracol, em função da contratação dos serviços do engenheiro junto à Companhia Florestal. Os demais filhos do casal ficaram estudando na Europa.

Com a compra de terras à margem do Arroio Tiririca, Henrique construiu uma casa com madeira de pinho, de amplos cômodos e pé direito alto, que até hoje abriga seus descendentes nos finais de semana e nas férias.

Henrique, nascido Friedrich Konrad Heinrich Gürsching no Reino da Baviera, teve uma educação superior, formou-se engenheiro civil em Munique. Interessado nas estradas de ferro que constituíam grande valor de progresso na Argentina e no Brasil, abriu mão do conforto e das facilidades da Europa e decidiu vir para a América. Mas aí veio a primeira guerra e as obras das vias férreas paralisaram por um tempo e ele, convidado por um amigo que era sócio da Companhia Florestal, acabou vindo para o Caracol, e veio para ficar. O casal teve sete filhos e a mais nova, Erika, conhecida por Mausi, nasceu no Caracol em 1915.

A empresa Florestal, que tinha por missão a extração da maior riqueza da serra na época, a araucária, tinha uma demanda enorme e muita necessidade de mão de obra. Mas o trem demorou a chegar à Canela, e as dificuldades para escoar a madeira fizeram com que a Florestal acabasse fechando. Gürsching assume então uma nova atividade, a de agrimensor. Afinal o que não faltava por ali eram terras por demarcar. Muitos agricultores da região, durante muito tempo ainda lembravam do “véio Guirsch” que mediu suas terras.

No Caracol já existia a pensão Werner quando os Gürsching resolveram receber hóspedes em sua casa, e assim foram construídos vários chalés em volta da Casa Grande, onde havia a cozinha e o refeitório junto à varanda. Os hóspedes iam de trem até Sander, onde um empregado da pensão os esperava com a carruagem para enfrentar a subida da serra. E havia passeios pelas florestas para observar a flora e a fauna local, banhos nas cachoeiras dos arroios e a tarde, teatrinho para as crianças e saraus literários.

Henrique faleceu no Caracol em 1951, aos 93 anos, já viúvo de sua Emilie, que morrera em 1930. A Casa dos Gürsching voltou a ser lugar de veraneio da família ainda no tempo em que Henrique vivia, e era cuidada pelo casal Sibila e Ernesto Brocker. A propriedade foi dividida entre os herdeiros, ficando a maior parte com Anneliese Nieckele, filha de Elly Becker, e partes menores para Mausi e Emmy. Ainda existe, muito bem conservada, como testemunha dos áureos tempos do Caracol.

Informações fornecidas por Hans Helmut Zürn, neto de Friedrich Konrad Heinrich Gürsching.