1940 a 1949
- Almanaque de Canela
- 18 de abr. de 2024
- 7 min de leitura
Atualizado: 3 de abr.
1940
Todos queriam morar em Canela
No início dos anos 40, a maior parte do centro de Canela já não pertencia mais a João Corrêa e sua esposa. A cidade já tinha mais de mil casas e uma população acima de sete mil habitantes. Muitas terras, lotes e terrenos foram sendo vendidos para que a cidade se formasse, cumprindo seu destino de estação turística e climática. Quem realizava as medições era Henrique Gürsching, que durante muitos anos fora contratado na Companhia Florestal Rio-Grandense.

Canela exportava madeira
Nas exportações, a madeira seguia para Porto Alegre, e de lá, de navio para países como Uruguai, Argentina, Inglaterra, Alemanha entre outros. Canela tinha a Cooperativa dos Madeireiros, mudando mais tarde para Madeireira Agrícola Ltda., com quase a totalidade de madeireiros como sócios.

Carro Motor para jogar no Cassino
Para o transporte daqueles que queriam jogar no cassino, havia outro tipo de trem, chamado de Carro Motor, movido a gasolina, que subia a Canela no sábado e retornava a Porto Alegre no domingo.
Jogos por toda parte
Em proporções menores, um pequeno cassino já funcionava no centro da cidade. Respirava-se o jogo pelas ruas de Canela. Rodas de amigos em bares, nos saguões dos hotéis, Canela estava na mídia do estado e já atraía muitos jogadores nos finais de semana para a região. Todas as sextas-feiras o Carro Motor subia a Serra com jogadores.
1941
Interventor compra a área para o Palácio

A ideia de fazer uma casa de veraneio para o Governo do Estado em Canela partiu do interventor General Oswaldo Cordeiro de Farias, ao participar de um baile de carnaval no Clube Serrano em 1939. Em visita à cidade, e estando hospedado no Chalé 18 do Grande Hotel Canela, que fora todo reformado para recebê-lo, ganhando inclusive uma linha de telefone direta com o Palácio do Governo, ficou encantado e grato com tanta hospitalidade.
Acabou adquirindo, pelo Governo do Estado, em 1941, a área de 23 hectares que pertencia à família Corrêa para o futuro Palácio das Hortênsias. Porém, o projeto de construção não foi adiante naquela época, devido ao início da Segunda Guerra Mundial e a participação direta, na Itália, do General e Governador Cordeiro de Farias.
1942
As Irmãs Bernardinas
Elas chegaram a Canela em março, vindas de Camaquã. Eram americanas e vieram a convite do Padre Hickmann. No início daquele ano, começaram a lecionar com 75 alunos matriculados. Hospedavam-se na casa de Basílio e Luiza Travi, enquanto as aulas ocorriam no Círculo Operário Canelense, onde hoje está a Caixa Econômica Federal.
Em 1945, já sob a liderança do Padre Marchesi, foi lançada a pedra fundamental do Ginásio Nossa Senhora Auxiliadora, inaugurado em 1952. A escola funcionou até 1976 e, ao longo de sua história, formou grande parte das personalidades notórias de Canela, sempre sob a dedicação das Irmãs Bernardinas.

Theo Wiederspahn em Canela
Com um empréstimo obtido junto à Caixa Econômica Federal, a empresa Sander & Dieterich contratou nada mais, nada menos do que Theo Wiederspahn para administrar a construção do Cassino Palace Hotel. O arquiteto alemão, naturalizado brasileiro, foi o responsável pelos mais belos projetos de prédios históricos e ainda preservados de Porto Alegre, como a Casa de Cultura Mario Quintana (antigo Hotel Magestic), o memorial do Rio Grande do Sul (antigo Correios e Telégrafos), o Museu de Arte (antiga Receita Federal), o Shopping Total (antiga cervejaria Brahma) e tantos outros que merecem ser visitados.

Apesar disso, a obra não passou da laje do piso do térreo, e o que seria um dos maiores e mais modernos hotéis do País – O Cassino Palace Hotel, a partir de 1946, com a paralisação da obra imposta pela proibição do jogo no Brasil, tornou-se atração turística conhecida como as Ruínas do Cassino, com 10.000m² de área inacabada.
1944
Canela Encantada
No início da década de 40, com as idas e vindas do trem, Canela, que ainda era uma Vila, crescia a todo vapor. Os canelenses diziam que a cidade “era encantada, plantada por Deus no alto da serra, no meio de um gigantesco canteiro de hortênsias”, e já não se contentava em ser apenas o Sexto Distrito de Taquara. O desejo da população pela emancipação político-administrativa também crescia na mesma proporção.
Canela Rica
Canela possuía, nesta época, renda de 500 mil cruzeiros, o dobro do necessário para ter vida independente. Havia indústria, comércio, escolas e igrejas. Os hotéis Bela Vista, Paris, o Grande Hotel Canela e diversas pensões e lojas, garantiam tudo o que era necessário para deixar de ser Distrito e se emancipar. Isso levou autoridades e moradores locais a buscarem, junto ao governo do Estado, a emancipação do Município de Canela, que ocorreu no dia 28 de dezembro de 1944, por meio do Decreto-lei nº 717, com jurisdição sobre território pertencente ao município de Taquara, compreendendo uma área de 220 quilômetros quadrados.
1945
Canela Emancipada
Na segunda-feira, dia 1° de janeiro, aconteceu a instalação do Município de Canela. O primeiro Prefeito é nomeado por Cordeiro de Faria, Interventor do Estado. Nelson Schneider, um funcionário do Tribunal de Contas do Estado, permaneceu no cargo até 15 de abril do mesmo ano.


Os primeiros Prefeitos de Canela
O primeiro prefeito empossado era, na realidade, funcionário da Prefeitura de Porto Alegre, encarregado de organizar novas prefeituras. No dia 16 de abril assume Pedro Sander, o segundo prefeito nomeado, que permaneceu no cargo até 31 de dezembro do mesmo ano. Naquele tempo, ainda não havia Câmara de Vereadores, o prefeito valia-se de Decretos Municipais para legislar, e entre os decretos aprovados em 1945, foi criada a “taxa de turismo e hospedagem”.
O Brasão de Canela
Escudo Português, tem na face um campo representando as riquezas da região, a fé e a constância de seu povo, uma caneleira de sua cor, origem do município; na ponta, um campo de prata, representando a pureza do ar e o caráter dos canelenses, dois montes verdes, saindo um terceiro formando um vale. Esse conjunto representa a magnificência da paisagem de Canela. Da direita para a esquerda há torres de prata ligadas entre si por um fio elétrico, simbolizando o sistema da Canastra. O fio fica entre o escudo e uma coroa de ouro, de quatro torres. Abaixo do escudo, ligando as bordas, um listel de goles em vermelho com as palavras: "Indústria - Canela - 28/12/1944 - Turismo", escrito em prata. O conjunto de metais e esmalte lembra as cores nacionais e as da bandeira do Rio Grande do Sul
A Bandeira de Canela
É composta por um fundo com 3 faixas verticais, sendo a central na cor branca, e as laterais na cor azul. Sobre a faixa central é visto o Brasão de Canela.

As sete maravilhas de Canela
Nos anos 40, Canela já era um prato cheio para os visitantes, e tinhas atrações que na época os canelenses chamavam de "As Sete Maravilhas".
Eram os pontos turísticos:
Cascata do Caracol;
A Laje de Pedra;
O Cassino Palace Hotel em obras;
A Estrada da Fábrica de Celulose;
A Vivenda do Leão;
O Passo do Inferno, a encosta mais íngreme da região;
O Salto, onde há a barragem.
Nasce a ACIC

No dia 2 de janeiro, um grupo de empresários liderados pelo Dr. João Kessler Coelho de Souza fundou, na sede da Liga de Defesa Nacional, a Associação Comercial e Industrial de Canela (ACIC). Entre os presentes à reunião histórica, que congregou 62 empresários, estavam Danton Corrêa da Silva, Pedro Oscar Selbach e Patrício Zini.
O Padre Marchesi
No dia 4 de fevereiro, entrando pela estrada do Caracol a cavalo, chega em Canela o Padre João Marchesi. Dono de forte personalidade, vinha preparado para conseguir o melhor para Canela e seu povo.
1946

Morre Dona Maria Luiza Burmeister
Viúva de João Corrêa, muito querida por todos e benfeitora da cidade, reza a lenda que, no dia de sua morte, até seus queridos gansos do Grande Hotel Canela seguiram o cortejo.
Acabou o Sonho do Cassino
Um decreto assinado pelo Presidente Eurico Gaspar Dutra põe fim ao Jogo no Brasil e, consequentemente, são interrompidas as obras do Cassino Palace Hotel, que estava sendo construído pela empresa Sander e Dieterich Ltda. A obra não passou da laje do piso do térreo. Atualmente, as Ruínas do Cassino – nome como ficou conhecido o local - fazem parte do patrimônio da Prefeitura e tornou-se uma atração turística.

O Sentinela
Começa a circular o primeiro jornal impresso de Canela, no dia 21 de abril. O Sentinela pertencia ao dentista Francisco de Albuquerque Montenegro, responsável pelas edições até 26 de setembro de 1959.
O desenvolvimento econômico
Com o aumento das negociações com outros estados e com o exterior, aumentou o comércio de celulose, papel, madeira bruta, beneficiada e compensada. Além destes, tiveram destaque a indústria de acordeões e guitarras, a produção de trigo, cevada e batata-inglesa, as organizações de comércio atacadista e varejista.
1947

Pedro Oscar Selbach
Nomeado para ser o quarto prefeito de Canela, Pedro Selbach se destacava como comerciante e cidadão atuante na comunidade. Participou ativamente do movimento de emancipação da cidade, e, com sua família, administrava o complexo que compreendia o Café Ideal, o Cine Theatro João Corrêa, a Rodoviária e um posto Correspondente do Banco Pfeiffer S. A., depois Banco Industrial e Comercial do Sul.
Primeira eleição de Canela
No dia 15 de novembro de 1947, ocorreu a primeira eleição do município de Canela. Nessa época, votava-se para os cargos de prefeito e vice-prefeito, e na legenda do partido para definir os vereadores. Os cidadãos canelenses elegeram Danton Corrêa da Silva como o primeiro prefeito eleito de Canela, com a significante maioria de 1.064 votos dentre os 1.559 eleitores.

No mesmo pleito, foi composta a primeira Câmara de Vereadores da cidade. Os eleitos foram Nagibe Galdino da Rosa, Julio Travi, Arnaldo Oppitz, Emílio Dienstmann, Claudino Bertoluci, Altenor Telles de Souza e Otaviano do Amaral Pires.
1948

O Hotel Central
O Hotel Central, construído em estilo Art Déco por Arthur Brusius a pedido de Osvaldo Vargas de Andrade, teve seu primeiro prédio erguido em 1947, mas foi inaugurado em 1948. Osvaldo, natural de São Francisco de Paula, mudou-se para Canela com a família quando seus filhos começaram a estudar, dando início ao negócio nos terrenos herdados dos pais.
Hospital de Caridade de Canela
No dia 18 de dezembro de 1948, movida pela necessidade de construir uma casa hospitalar a exemplo das cidades vizinhas, a Comissão Pró-Hospital de Caridade de Canela reuniu-se com o prefeito municipal. A pedra fundamental do prédio foi lançada imediatamente, no dia 30 de dezembro.
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